Como o setor financeiro vê a recuperação

Especialistas de bancos de investimento, consultoras e outras instituições financeiras estão otimistas em relação à retoma dos negócios que ficaram em ‘stand-by’ no segundo trimestre, mas anteveem processos de ‘due diligence’ mais complexos e aprofundados daqui para a frente.

Que perspetiva tem para a retoma da economia e das transações de M&A?
 
Tentamos ver esta evolução com otimismo. Há fatores que indicam que, após um segundo trimestre de 2020 complicado devido ao abrandamento da economia, poderemos contar com um número significativo de operações de M&A no segundo semestre deste ano. Em primeiro lugar, as diferenças nos efeitos setoriais e os desafios que se perspetivam a médio prazo para setores como a saúde, a indústria farmacêutica e a distribuição. O foco numa atuação mais personalizada e digital fará com que pequenas e médias empresas optem por continuar a sua atividade integradas em organizações com uma maior disponibilidade de recursos. É possível que a situação atual dote certos setores de interesse acrescido no contexto do investimento no mercado de M&A. Paralelamente, existe um desafio de transição geracional em muitos setores. Um efeito em todas as crises é o de impulsionar as intenções de stakeholders e acionistas de se salvaguardarem perante o risco, o que estimulará a oferta de empresas no mercado. Em segundo lugar, a disponibilidade de capital nos fundos. Os fundos de capital de risco levantaram capital nos últimos anos e encontram-se numa fase de investimento no curto-prazo para cumprirem os seus compromissos para com os investidores, o que esperamos que venha a incentivar a atividade de M&A. Por último, a liquidez e as taxas de juros. A expectativa é que os bancos centrais mantenham as taxas de juros baixas face a esta crise, numa tentativa de injetar liquidez que permita assegurar a retoma da economia e possibilitar que possamos voltar a níveis anteriores de crescimento do PIB. Isto afetará, por consequência, todas as empresas com operações de M&A. Em resumo, pelas oportunidades e retoma em determinadas empresas e setores mais resilientes, pela entrada de capital nos fundos de investimento e pela liquidez injetada pelos bancos centrais a juros baixos podemos ver com certo otimismo o cenário das operações de M&A a médio prazo. 

LUÍS GASPAR Managing partner da Mazars em Portugal 
 

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Especial M&A - Como o setor económico vê a recuperação