Teletrabalho reversível é a proposta mais polémica

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Saiba o que defendem os gestores.
O impacto nas cidades e escritórios.

Pós-pandemia já mexe com rotinas e escritórios 
 
A Siemens levanta limite máximo de dois dias por semana de teletrabalho, a EDP avança com modelo híbrido e a OutSystems está a “redesenhar” os escritórios. Veja como as empresas preparam o fim da pandemia.

Com escritórios em Portugal e noutras 12 cidades espalhadas pelo mundo, a OutSystems tem toda a gente a trabalhar de forma remota, com mais de 70% a garantir que manteve ou até aumentou a produtividade. O unicórnio português já decidiu que “as pessoas poderão escolher trabalhar em casa, num café local tranquilo ou no escritório”, e a vice-presidente, Alexandra Líbano Monteiro, relata que os escritórios “serão redesenhados e alvo de reestruturações”, privilegiando os “espaços de colaboração e de ‘brainstorming’”. 

Empregando 200 pessoas em Lisboa, Porto e Leiria, também a auditora e consultora Mazars aproveitou, este período para fazer “algumas transformações” nos escritórios, alargando as áreas e adotando uma política de “clean desk”. “O futuro será previsivelmente num regime misto, promovendo um equilíbrio entre a necessidade de contacto e formação das equipas, nomeadamente dos ‘new joiners’, os processos nas instalações dos clientes e o trabalho recorrente que seja possível realizar à distância”, resume o diretor, Luís Gaspar. 
 
Apesar de garantir que está “em condições de continuar com o teletrabalho”, Nuno Moreira, CEO da Dourogás, sublinha que também já está “a desenvolver os processos necessários para o regresso no futuro e que implicam aspetos como a organização das equipas, dos equipamentos e dos próprios locais de trabalho”. 
 
Quem já definiu um modelo íbrido para as funções compatíveis foi a EDP, que “num futuro pós-pandemia” vai permitir o teletrabalho, pelo menos, dois dias por semana. Para já, e se cair a obrigatoriedade, aponta para um regresso voluntário aos escritórios enquanto o risco se mantiver, tal como entre maio e outubro de 2020. 
 
Já a Siemens, que emprega 2.887pessoas no país, prepara-se para levantar o atual limite máximo de dois dias por semana de teletrabalho, que vigorava desde que em 2016 passou a dar essa possibilidade, à qual aderiram cerca de 700, mesmo antes da pandemia. Embora privilegie ainda o teletrabalho nos próximos meses, fonte oficial conta que uma equipa multidisciplinar está já a preparar o regresso faseado às instalações, que pode começar em maio. 
 
“Por muito que tenhamos a certeza de que conseguimos atingir resultados independentemente de onde trabalhamos, sabemos que o contacto presencial é também muito importante, não só para quem já está connosco, como para os novos colegas que se juntaram à Procter & Gamble em 2020 e 2021”, admite Cláudia Lourenço, diretora-geral cm Portugal, onde emprega 150 pessoas. Desde 2018 que no escritório deixaram de existir lugares fixos, tendo sido criadas zonas de trabalho cm equipa e promovida uma maior interação entre colegas de diferentes áreas e departamentos da empresa. 
 
Fernando Rodrigues, diretor da Axians Portugal, corrobora que “o aspeto relacional é crítico” c a presença regular no escritório é “essencial para o desenvolvimento da cultura da organização, para a criatividade e a dinâmica inovadora”. 
 
“Apesar de termos ao nosso dispor as melhores tecnologias de comunicação e colaboração, o filtro digital a que temos estado sujeitos ao longo destes largos meses anula parte do potencial que temos enquanto seres sociais”, completa o gestor. 
 
No setor público, e sem descartar alguma “flexibilização” desde que não afete a produtividade e a prestação do serviço, a Infraestruturas de Portugal (IP), que tem atualmente 1.400 dos 3.665 trabalhadores em teletrabalho, “considera promover, assim que possível, o regresso gradual a regime presencial”. “Esta retoma é sentida como essencial para se irem restabelecendo níveis de interação entre as pessoas, fundamentais para o sentido de pertença a uma organização”, remata fonte oficial da IP.

InJornal de Negócios

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