Compliance: uma oportunidade para entregar Valor

O contexto atual, marcado por uma crescente exigência do mercado e dos reguladores e por uma diversidade de normas e leis, cuja compreensão e aplicabilidade nem sempre é clara, apresenta um desafio às organizações, obrigando a repensar a gestão global do risco.

Neste âmbito, as organizações procuram cumprir com um conjunto de regras e regulamentos mais rígidos, ao mesmo tempo que se esforçam por responder às exigências de clientes e acionistas e adaptar-se a novos modelos de negócio.

Garantir o cumprimento de um conjunto normativo e legislativo que se encontra permanentemente em evolução é oneroso, consome recursos e exige conhecimentos sobre todas as condicionantes das realidades locais onde a organização possa desenvolver a sua atividade. O tratamento bem-sucedido destas obrigações, a nível nacional e internacional, é fundamental, mas, frequentemente, difícil de gerir.

A visão primária e restrita do compliance, como ferramenta para prevenção de incumprimentos e consequente prejuízo - reputacional e/ou financeiro - e mitigação de riscos, evoluiu. No presente contexto empresarial, um compliance robusto é cada vez mais assumido como uma oportunidade e ferramenta para reforço da confiança de investidores e clientes, contribuindo para a imagem positiva da entidade e, a nível mais global, para o desenvolvimento de um mercado justo.

O estudo da Mazars "Unlocking trust: why global compliance is on the business agenda", baseado num questionário realizado a profissionais seniores em organizações multinacionais de 25 países, destaca as oportunidades e os riscos, atuais e futuros, associados ao compliance. A maioria destes responsáveis tende a encarar hoje o compliance como um elemento de criação de oportunidades, e não apenas como uma obrigação, sendo que as vantagens são notórias: aumentar a confiança, reforçar a segurança e construir reputação.

Esta visão comprometida é patente no nível crescente de envolvimento de dirigentes de topo e no investimento realizado pelas organizações, orientados a cumprir o principal desafio de gerir e acompanhar um ambiente empresarial e regulatório em transformação acelerada e cada vez mais exigente, que requer constante reapreciação e adaptação.

A aplicação desta visão da liderança depreende, contudo, uma mudança da cultura corporativa. Não é suficiente assegurar a adesão da equipa executiva a metas de compliance, estas devem contar com promotores em várias áreas e níveis hierárquicos, que possam trabalhar em conjunto para apoiar uma mudança de mentalidade ea implementação de processos necessários a uma estratégia eficaz.

Embora o compliance seja tradicionalmente percebido como uma tarefa de implementação morosa, exigente e complexa, o custo da não conformidade parece superar em larga medida qualquer custo que lhe esteja associado.

Esta maior preocupação com o tema surge como forma de reduzir o impacto ou eliminar os riscos significativos de fracassar na implementação deste tipo de mecanismos, que podem resultar em danos à reputação, ações disciplinares e multas.

Apesar de a maioria estar segura que se encontra a cumprir de forma bem-sucedida os requisitos atuais e que os irão continuar a cumprir no futuro, mais de metade esperam que o compliance se torne mais exigente nos próximos cinco anos.

As necessidades relacionadas com o compliance vão tornar-se mais complexas, espera-se a introdução de nova legislação e os efeitos da pandemia Covid-19 apresentam-se como um obstáculo adicional a ser superado nos próximos tempos. Paralelamente, a dimensão tecnológica do compliance vai aumentar de importância, face à relevância de assegurar ferramentas tecnológicas que simplifiquem e automatizem processos, o que aliado a recursos humanos adequados definirão um compliance global de sucesso.

COMPLEXIDADE SEM PRECEDENTES

À medida que as organizações enfrentam uma complexidade sem precedentes, a proliferação de canais e dados digitais e a diversificação de stakeholders, estas têm de repensar o compliance e reavaliar o objetivo de cumprir as exigências legislativas e regulamentares no ambiente corporativo em que atuam, bem como as regras e códigos de conduta internos. Isto, sob pena de perderem um dos mais significativos elementos de atratividade e posicionamento no mercado: a confiança.

"A VISÃO PRIMÁRIA E RESTRITA DO COMPLIANCE, COMO FERRAMENTA PARA PREVENÇÃO DE INCUMPRIMENTOS E CONSEQUENTE PREJUÍZO REPUTACIONAL E/OU FINANCEIRO E MITIGAÇÃO DE RISCOS, EVOLUIU"

"EMBORA O COMPLIANCE SEJA TRADICIONALMENTE PERCEBIDO COMO UMA TAREFA DE IMPLEMENTAÇÃO MOROSA, EXIGENTE E COMPLEXA, O CUSTO DA NÃO CONFORMIDADE PARECE SUPERAR EM LARGA MEDIDA QUALQUER CUSTO QUE LHE ESTEJA ASSOCIADO"

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20220103 - Pontos de Vista