Região de Leiria tem saldo de 500 milhões no comércio internacional

A região de Leiria (distrito e concelho de Ourém) contrariam a evolução positiva a nível nacional da balança de bens, mantendo, no entanto, um saldo positivo superior a 500 milhões de euros em 2020.

Na verdade, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) recentemente publicados, em 2020 a região inverte a tendência de melhoria de saldo que se vinha verificando consistentemente deste 2015, reduzindo-o em 50 milhões de euros, mas atingindo, ainda assim, uma taxa de cobertura positiva de quase 130%, que compara com a taxa de cobertura a nível nacional de 79,3%. 
 
Esse saldo resulta fundamentalmente de uma maior redução das suas exportações comparativamente às suas importações, o contrário do que aconteceu a nível nacional. De facto, enquanto que as exportações do distrito de Leiria e Ourém caíram 142 milhões de euros, as importações apenas se reduziram em 93 milhões de euros. 
 
A Marinha Grande, Leiria, Caídas da Rainha e Alcobaça foram os concelhos que registaram as maiores reduções de exportações, no total de 127 milhões de euros, ou seja quase 90% do total da região. Ao nível das importações, o concelho de Leiria foi responsável por uma redução de quase 48 milhões de euros, ou seja mais de 50% da região em análise. 
 
Apesar da redução das exportações verificadas na região, o ranking dos sectores exportadores mais representativos não se alterou, mantendo as posições relativas, liderado pelo sector das máquinas, aparelhos e material elétrico, com um valor de exportação de 450 milhões de euros. Os cinco maiores sectores exportadores representam 72,7% do total das exportações da região, quando em 2019 esse peso era de 74.3%. 
 
Quanto à quebra de 10,2% das exportações portuguesas de bens em 2020, foi mais que compensada pelo decréscimo das importações, conduzindo a uma melhoria de 6 mil milhões de euros do seu saldo negativo ea uma inversão da tendência que vinha acontecendo desde 2015. 
 
O comportamento das exportações portuguesas de bens, em ano de arranque da pandemia de Covid-19, foi o expetável, tendo atingido um valor de 53,8 mil milhões de euros, uma redução de 6,1 mil milhões de euros, ou seja, menos 10% face a 2019. 
 
Os cinco distritos mais exportadores (Lisboa, Porto, Aveiro, Setúbal e Braga) contribuíram com 5,3 mil milhões de euros para essa redução, quase 87%. O distrito mais penalizado foi Setúbal, com uma redução de quase dois mil milhões de euros, tendo mesmo descido uma posição no ranking, de 3a distrito mais exportador em 2019, para 4a em 2020. Com a exceção do distrito de Faro, embora com uma dimensão muito reduzida, a tendência negativa das exportações verificou-se em todos os distritos, nomeadamente em Leiria, com uma taxa de crescimento de -5,9%. 
 
Do ponto de vista dos grandes sectores exportadores, a quebra nominal das exportações foi mais relevante no material de transporte, com uma redução de 1,7 mil milhões de euros em relação a 2019. 
 
No entanto, o comportamento das importações contrariou a previsível continuidade do agravamento da balança portuguesa de bens com o exterior por via de uma redução significativa do seu valor. Na verdade, o ano de 2020 inverte a tendência de agravamento do saldo negativo que se vinha verificando nos últimos anos. As importações de bens tiveram uma redução de 15,2%, ou seja, de 12,2 mil milhões de euros, o dobro da redução das exportações. Este resultado conduziu, portanto, a uma melhoria da taxa de cobertura de 74,9% em 2019 para 79,3% em 2020. Em termos nominais esta evolução corresponde a uma redução do défice de 20 mil milhões de euros em 2019 para 14 mil milhões de euros em 2020. 
 
O distrito de Lisboa foi responsável por 64% da redução das importações, quebra de 7,8 mil milhões de euros em valor nominal, tendo cada um dos distritos de Porto e Setúbal contribuído para uma redução na ordem dos mil milhões de euros. 
 
Em conclusão, do ponto de vista do equilíbrio externo das transações de bens, a nível nacional, a redução da procura externa dirigida às nossas empresas foi compensada por uma redução mais que proporcional da procura nacional dirigida ao exterior. 
 
De notar que esta análise se foca exclusivamente na troca internacional de bens, excetuando, portanto, a troca de serviços e, em particular, o turismo, cujos resultados são completamente distintos, como é do conhecimento comum. 
 

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