Setor bancário pode ajudar na recuperação pós-Covid-19

“Esta crise deve ser encarada como uma oportunidade para olhar além das prioridades imediatas, reavaliar objetivos e valores e fazer uso das melhores práticas para reformular e fortalecer a tomada de decisões sobre investimentos, para o bem dos negócios, dos clientes e da sociedade”.

Vida Económica - Como avalia o mercado de auditoria em Portugal? 
 
Luís Gaspar -A crise económica motivada pela pandemia Covid-19 está a ter um impacto na operação das auditoras e esta situação deverá manter-se num futuro próximo. 
Penso que as verdadeiras questões que se colocam às empresas é se estavam ou não preparadas para uma crise económica e se os planos de contingência que existiam eram ou não adequados. Como verificámos, as empresas a atuar no mercado de auditoria não reagiram todas do mesmo modo. Os auditores estão a lidar de forma diferenciada com esta nova realidade, dependendo da sua estrutura, dimensão, tipologia de clientes mas, acima de tudo, do nível de compromisso com os seus colaboradores, com os clientes e com a sociedade em geral. 
 
Neste quadro de desafios acrescidos, acreditamos que continua a ser necessária uma reforma de auditoria mais alargada, eventualmente com maior incentivo à auditoria conjunta, de forma a mitigar alguma falta de concorrência que existe neste mercado, a nível global.

VE - Em que consistiu o rebranding da marca Mazars e como se posiciona a nível global?

LG - Este "rebrending" ajuda a Mazars a apresentar-se de forma mais consistente a nível global, ao mesmo tempo que celebra as suas raízes locais. Embora os nossos princípios fundadores se mantenham inalterados, as expectativas dos nossos clientes mudaram ea sociedade evoluiu, o que traz consigo novos desafios e oportunidades e nos obriga a inovar constantemente. Neste contexto, soubemos sempre ser ágeis para nos adaptarmos a novas exigências, preservando o compromisso em ajudar os nossos “stakeholders”a alcançarem o sucesso. A identidade agora adotada reflete esta evolução e espelha quem somos, o que fazemos, como agimos, como ajudamos os nossos clientes, trabalhando em conjunto e servindo o interesse público. 
 
Sentimos que este era o momento certo para reafirmarmos um posicionamento de referência no nosso setor ea promessa que fazemos aos nossos clientes, pessoas e comunidade.

VE -O que distingue o serviço da Mazars face à restante oferta de mercado?

LG - A Mazars opera através de um “partnership” integrado, trabalhando como uma equipa única, capaz de alavancar “expertise”, escala e proximidade cultural para entregar serviços excecionais e à medida em auditoria e contabilidade, fiscalidade, assessoria financeira e consultoria. 
 
Combinamos, deste modo, uma dimensão internacional e multicultural com equipas locais profundamente enraizadas, para que os nossos clientes beneficiem do melhor dos dois mundos: equilíbrio de perspetivas e serviço entregue de forma personalizada.

Nova linha de serviços 
 
VE - Qual éo seu portefólio de serviços? 
 
LG - Na Mazars, reconhecemos que um portfolio de serviços equilibrado é crítico para responder às necessidades dos nossos clientes. Temos vindo a alargar a nossa oferta de serviços, que integra atualmente em Portugal áreas de Auditoria e “assurance”, Consultoria, Financial Advisory, Outsourcing e Tax. 
 
VE - Tendo em conta a atual situação pandémica, quais são as tendências de evolução futura do mercado? 
 
LG -A conjuntura é exigente e vai obrigar a uma reinvenção da auditoria, associada, por um lado, às novas expectativas dos clientes e às mudanças regulatórias no setor, mas também aos efeitos da revolução digital. Os desafios são variados e complexos e requerem atenção, cuidado, empenho e dinamismo, sempre numa perspetiva construtiva e de colaboração na procura de soluções, resolução que tem sido, é e continuará a ser central à atuação da Mazars. 

VE - Que mensagem gostaria de transmitir? 
 
LG - Penso que, num cenário de tão elevada incerteza e preocupação, a mensagem tem necessariamente de ser de otimismo cauteloso. Acredito que, se tomarmos as decisões certas no quadro económico global e em cada organização em particular, conseguiremos ultrapassar os novos desafios com que neste momento nos vemos confrontados. Mas tal significa uma procura por fazer diferente e fazer melhor. As empresas, e não apenas as de auditoria, sentem hoje o peso de terem de se adaptar a novas exigências e expectativas. A resposta a este desafio não é óbvia nem imediata, e exigirá alterações profundas no seio da cultura das próprias empresas. Cabe a cada uma compreender a importância fundamental de inovar, para garantir que é cada vez mais relevante e resiliente e que responde às necessidades dos seus “stakeholders”e da comunidade em que se insere.

"Crise deve ser encarada como oportunidade" 
 
Segundo Luís Gaspar, “a expetativa é que o setor bancário desempenhe um papel fundamental no esforço de recuperação pós-Covid-19. No contexto europeu, esta visão de uma recuperação robusta engloba investimentos ‘verdes’ e sustentáveis a longo prazo, no sentido de garantir um futuro justo e resiliente para todos. Estudos recentes realizados pela Mazars revelam que a generalidade do setor tem ainda algum trabalho a fazer para incorporar fatores de responsabilidade nos seus processos de estratégia corporativa, “governance e gestão de riscos”
 
“Esta crise deve ser encarada como uma oportunidade para olhar além das prioridades imediatas, reavaliar objetivos e valores e fazer uso das melhores práticas para reformular e fortalecer a tomada de decisões sobre investimentos, para o bem dos negócios, dos clientes e da sociedade”, conclui.

In Vida Económica

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Entrevista Luís Gaspar - Vida Económica